O espírito não nasce, não cresce, nem morre. Ele "desperta"
gradativamente, do seu invólucro fetal encaixado no ventre
materno, até alcançar a sua configuração primitiva antes de
mergulhar na carne. Cada existência humana é apenas uma
nova manifestação do espírito através do corpo físico tangível
na matéria. A criança não deve ser estimulada nem louvada
nas suas irascibilidades e reações censuráveis; o seu espírito
só domina mais cedo os seus instintos primários, caso
também receba a ajuda eficiente e enérgica dos pais isentos
de qualquer sentimentalismo, sem confundirem o mau
instinto do descendente à conta de "precocidade". Embora
sem os extremos de crueldade e despotismo, os pais não
devem afrouxar a sua autoridade, evitando de louvar e
estimular as ações indisciplinadas e rebeldes dos filhos. Os
filhos devem ser criados com amor, mas sem a imprudência
de deixá-los agir livremente, só porque são "engraçadinhos"
ou amuam-se por qualquer coisa. A fim de formar-lhes um
caráter nitidamente estóico e leal, os pais devem fortificá-los
desde a primeira infância, para solucionarem as suas culpas,
sem o culto demasiado da personalidade humana. É algo
perigoso quando, para os pais sentimentalistas, o seu pupilo
sempre tem razão; enquanto que é mau e condenável o filho
do vizinho. As contrariedades da infância caldeiam e
fortificam o temperamento da criança para mais tarde
enfrentar as desventuras da vida humana, pois, quando
excessivamente apoiada e mimada, em todas as suas manhas
e indisciplinas, os jovens viverão em conflito nas suas
relações com a sociedade e atuações no mundo. Quem não
aprende a dominar os seus instintos primários na infância,
bem mais difícil ser-lhe-á na fase adulta.
Ramatís
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