SOMOS ESPÍRITOS IMORTAIS

SOMOS ESPÍRITOS IMORTAIS

sexta-feira, 9 de março de 2012

A ALEGRIA DE PERDOAR


Se você quer ser de fato um jovem cristão, terá que aprender e viver esta lição: perdoar.
Um dos mais profundos ensinamentos que Jesus nos deixou foi sobre o perdão.
No Sermão da Montanha Ele diz:
“Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 05,45).
A perfeição cristã deve levar-nos ao extremo do amor.
“Amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem” (Mt 05,44).
Em seguida, Jesus completou:
“Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos” (Mt 05,45).
Veja, Jesus vai mais fundo ainda:
Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? Se saudais apenas vossos irmãos que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos?” (Mt 05,47).
Você não terá grande mérito diante de Deus, por amar os amigos e irmãos, e não terá recompensa por isso.
O maior mérito, a perfeição cristã, a “novidade” do Evangelho, está em amar os maus, os inimigos, aqueles que nos ofenderam.
É impressionante como Jesus exige de nós, radicalmente, a vivência do perdão:
“Tendes ouvido o que foi dito:”Olho por olho, dente por dente”. Eu, porém, vos digo: ‘Não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra’” (Mt 05,38-39).
Jesus proíbe qualquer tipo de vingança, represália ou violência, como resposta às ofensas recebidas. A razão é simples: somos todos filhos do mesmo Pai; assim, Deus não suporta que um dos Seus filhos negue o perdão a um dos irmãos.
Quando chegarmos à maturidade espiritual de dar o perdão aos inimigos, então estaremos perto da perfeição cristã.
É uma prova de fogo!
É claro que não é fácil perdoar; se fosse, não teríamos mérito algum. Por nossas próprias forças não conseguiremos perdoar; necessitamos da graça e da ajuda de Deus.
Às vezes, precisamos olhar fixo para Cristo sangrando na cruz e invocar Seu preciossimo Sangue, a fim de termos força para perdoar aquele que nos traiu, nos roubou, nos feriu.
Não nos esqueçamos de que foi na paixão e na cruz que o Senhor nos deu a maior prova de como perdoar aos inimigos:
“Pai, perdoa-lhes,... não sabem o que fazem” (Lc 23,34a).
Ninguém perdoou tanto como Jesus. Na cruz, Ele provou com atos o que ensinou no Sermão da Montanha com palavras.
A única exigência que Deus faz para perdoar todos os seus pecados, quaisquer que sejam, é que, além de arrependidos dos mesmos, você perdoe, de coração, os que o ofenderam.
“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas, se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará” (Mt 06,14).
Deus não aceita a oferta daquele filho que negar o perdão ao irmão:
“Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que seu irmão tem alguma coisa contra ti deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então, vem fazer a tua oferta” (Mt 05,23-24).
Também no “Pai Nosso”, Ele exige:
“Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam(Mt 06,12).
Fico impressionado com o número de vezes que Jesus fala da necessidade do perdão. Quando Pedro lhe perguntou:
“Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18,21b-22).
A resposta de Jesus é clara: perdoar sempre, porque Deus está pronto a perdoar sempre.
Para que Pedro e os discípulos entendessem bem a necessidade do perdão, Jesus contou aquela parábola do empregado a quem o patrão tinha perdoado uma dívida de “dez mil talentos” de ouro (cada talento equivalia a 36 quilos!).
Uma dívida impagável! (algo em torno de R$ 10 bilhões!)
E, no entanto, aquele empregado, cuja dívida impagável fora perdoada, gratuitamente, não perdoou a um devedor que lhe devia apenas cem denários (salário de cem dias de um trabalho simples).
Então, o patrão entregou aquele “servo mau” aos algozes até que pagasse toda a dívida.
Concluindo a parábola, Jesus adverte:
“Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração” (Mt 18,35).
Jovem, deixe a justiça e a vingança para Deus; Ele fará cumprir toda a justiça. Não podemos querer executá-la com as nossas próprias mãos; elas também ficariam sujas de sangue.
Ensinando sobre isso aos cristãos de Roma, São Paulo disse-lhes:“Abençoai os que vos perseguem, abençoai-os e não os praguejeis (...) Não pagueis a ninguém o mal com o mal (...) Não vos vingueis uns aos outros, caríssimos, mas deixai agir a ira de Deus, porque está escrito: ‘A mim a vingança; a mim exercer a justiça, diz o Senhor’” (Rm12,14.17a.19).
Se continuarmos a viver o “olho por olho e dente por dente”, acabaremos todos cegos e desdentados. Chega de violência!
Mas para quebrar o círculo vicioso da violência, será preciso ter a coragem de não aceitar “pagar o mal com o mal”.
Foi agindo assim, com a força da não-violência, que Gandhi conseguiu libertar a Índia da Inglaterra. Ele dizia ao seu povo: “Há mil razões pelas quais estou pronto a morrer, mas não existe uma pela qual eu esteja disposto a matar”.
Gandhi, que não era cristão declarado, aprendeu isto no Sermão da Montanha.
Aprenda, jovem, uma lição muito importante: “Os fins não justificam os meios”. Meios violentos nunca poderão construir fins pacíficos; a violência gera mais violência. É por isso que são tantas as mortes de jovens no dia de hoje, especialmente os que se envolvem com as drogas.

Foto
Felipe Aquino


Prof. Felipe Aquino, casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Trocando Idéias". Saiba mais em Blog do Professor Felipe  Site do autor: www.cleofas.com.br

22/05/2002 - 08h40